quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sessões 02-02-2008

Este foi uma dia de mudanças!

Mudança de formador, mudança de estratégias, mudança de temas.
Imprevistos nas sessões anteriores (das boas dúvidas que surgiram), tivemos que condensar os temas das duas sessões previstas para o dia, uma vez que foi necessário abordar a tanto a fase preliminar (não inicialmente prevista) como a fase de exploração do Balanço de Competências (BC), num tempo previsto apenas para a última mencionada. Tarefa complicada.

Tentei inovar em relação às edições anteriores. E se a sala fosse um pouquinho mais espaçosa (e com menos mesas)... Ah! Aí é que teríamos desenvolvido mais dinâmicas (e não apenas "descarregar" nos sacos).

Muito bem, para enquadrar e conjugar o que se assemelha e o que se diferencia entre estas duas fases do BC, realizámos alguns exercício de reflexão, para além de alguma experimentação prática e, claro, aquilo que todos gostámos: os sacos plásticos, os bombons e licor beirão, o licor de romã e o salame de chocolate... a não esquecer, mas só para o fim ("depois a da lição dada") - obrigada queridos formandos.

A um sábado é difícil pedir muito "espaço neurológico" para realizar tarefas e reflectir sobre algo que ainda está em crescimento, mas o grupo correspondeu.
Boas ideias foram pronunciadas e, na minha opinião, foi produtivo para todos.

Os exercício práticos pretenderam colocar os formandos no ponto de vista do "indivíduo sujeito a um BC" e partiram de experiências pessoais, nomeadamente através de algo que, talvez, nunca pensassem que pudesse servir de instrumento de mediação: um objecto pessoal escolhido na hora.

Logo ali nos deparámos com diferentes abordagens a um mesmo objectivo e, por vezes, essas mesmas abordagens correspondiam a outro tipo de objectivos, diferenciação que tentou ser esclarecida.

Trancrevo, aqui, dois dos textos que mais interesse suscitaram (parece-me), para que sejam colocados os comentários que os participantes desejem, sejam aqueles que foram produzidos nas sessões de formação e também outros (surgidos, talvez, na folia do Carnaval).

Continuação de bom trabalho.
Helga Marques

P.S.- Se acharem necessário, podem transcrever os restantes textos para que os comentários fiquem mais completos e se possam abordar outros pontos de vista.
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(2 dos) Textos trabalhados nas sessões:

«E não me deixarás perder o sentido da minha vida - concluiu com as suas próprias palavras.

Certa tarde, voltou para casa mais cedo do que o costume, e encontrou a viúva sentada na soleira da porta.
- O que estás a fazer?
- Nada tenho que fazer - respondeu ela.
- Então aprenda algo. Neste momento, muitas pessoas já desistiram de viver. Não se aborrecem, não choram, esperam apenas que o tempo passe. Não aceitaram os desafios da vida, e a vida já não as desafia mais. A senhora também corre esse perigo: reaja, enfrente a vida, mas não desista.
- A minha vida voltou a ter um sentido - disse ela, olhando para baixo. - desde que o senhor chegou.
Elias resolveu interromper imediatamente a conversa, porque não sabia como continuá-la.
- Comece a fazer alguma coisa - disse, mudando de assunto. - Assim o tempo será um aliado, e não um inimigo.
- O que posso aprender?
Elias pensou um pouco.
- A escrita de Biblos. Será útil, se tiver que viajar uma dia.
A mulher resolveu dedicar-se àquele estudo de corpo e alma. Jamais pensara em sair de Akbar mas - pelo modo como ele falara - talvez estivesse a pensar levá-la com ele.
Sentiu-se livre novamente. Novamente, acordou de madrugada, e caminhou sorrindo pelas ruas da cidade.»

De: "O Monte Cinco"; Coelho, Paulo
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«SAIR e VOLTAR

Podemos dividir a vida em duas categorias elementares. Ou estamos em casa ou vamos sair.
Tudo o resto são pormenores irrelevantes.
A necessidade de sair e depois voltar é muito forte.
Vejam o que acontece às pessoas que não querem estar em casa e são obrigadas a ficar. Ficam abatidas. E quando alguém fica fechado fora de casa e não consegue entrar quando quer? Enlouquece.
Quando saímos, tudo fica ligeiramente fora de controlo e torna-se muito excitante. Tudo pode acontecer. Podemos ver qualquer coisa. Podemos até tomar parte em qualquer coisa. Temos mesmo de sair. Quando voltamos a casa, parecemos o maestro de uma orquestra. Sabemos onde está tudo e como tudo funciona. deslocamo-nos com toda a confiança de uma parte da casa para a outra. Sabemos exactamente onde é que vamos e o que vai acontecer quando lá chegarmos. Somos o maestro de uma sinfonia onde só há peúgas e cuecas. E é por dominarmos tudo tão bem que temos de sair.»

De: "Linguagem Seinfeld"; Seinfeld Jerry

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