segunda-feira, 10 de março de 2008

O técnico como "facilitador"...

Retive algumas das palavras do Prof. José Manuel Castro e da Helga Marques relativamente ao perfil dos técnicos de balanço de competências: “devem ser facilitadores"...

O termo (já conhecido) faz-me sempre pensar no seu duplo (e possivelmente confundir) significado:

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, facilitador é "aquele que facilita"… Ora, podíamos facilmente confundir-nos com algumas práticas que são vulgarmente referidas como “fáceis”… Mas “facilitar” tanto pode significar “tornar fácil”, como “coadjuvar”. Como é óbvio, na lógica do Balanço de Competências, os técnicos não devem tornar os processos “fáceis”, mas sim auxiliarem, coadjuvarem, orientarem os adultos na sua construção. Pode parecer banal esta “necessidade” de clarificar conceitos, mas tenho-me apercebido que, muitas vezes, os técnicos que estão no terreno não compreendem muitos dos termos associados a estes processos…

Achei interessante a perspectiva de Knowles, que talvez ajude a compreender melhor aquela que deve ser a nossa postura. Assim, para este autor (cit. por Finger e Asún, 2003), o facilitador ideal é aquele que:

  • “vê o aprendente como um ser humano capaz de autodirecção, capaz de tomar conta do seu próprio processo de crescimento;
  • concebe a aprendizagem do adulto como um processo de autodesenvolvimento;
  • considera que o papel do facilitador é o da pessoa-recurso para o aprendente autodirigido;
  • acredita que a aprendizagem é mais significativa se decorrer de motivação intrínseca;
  • acentua a criação de um clima de aprendizagem facilitador, caracterizado pela cordialidade, confiança mútua e respeito, interesse e atenção a outros e informalidade, isto é, não directividade;
  • envolve o aprendente na definição dos objectivos, sempre com o propósito de que estes sejam para ele significativos;
  • selecciona técnicas e materiais que envolvam activamente o aprendente no seu processo de autoquestionamento.”

2 comentários:

p disse...

Gostei de Knowles muito completo! Eu costumo dizer que um formador, tam como o técnico RVC, deve ser um facilitador, ou seja, alguém que "está com o outro, que deixa o aprendente calcorrear o seu caminho, wu funciona como um porto de abrigo quando necessário", NUNCA é alguém que "está pelo outro". Não podemos substituir o sujeito que está à nossas frente, mesmo que ele nos peça. Como dizia uma colega... "não se ponham a jeito!!!"

Miguel Ribeiro disse...

Concordo. Acho importante esta distinção entre facilitar com o outro e facilitar pelo outro.

Parece-me igualmente pertinente distinguir entre o fácil e o simples. Tantas vezes se interpreta como + fácil o que é, na realidade, + simples, porque mais ajustado, mais flexível, mais acessível e compreensível, mais horizontal!...

Enfim, o que é simples estimula as reais competências do sujeito, valoriza as suas experiências de vida - fala neste sentido a sua linguagem, mas nem por isso é necessariamente mais fácil ou mais rápido enquanto processo.